Silvino Lopes Évora e Alfredo Henriques Pereira (Orgs.)

As Ciências da Comunicacação em Cabo Verde

Perspicácia e sagacidade demonstraram o presidente da INTERCOM, Prof.  Antonio  Hohlfeldt, e seu diretor editorial, Prof. Osvando J. de Morais, ao assumirem a responsabilidade da edição deste livro.   Em um só golpe de mestres dão  vida material a um produto acadêmico ambivalente, pois seu conteúdo interessa tanto aos autores elencados e seus leitores, ambos cabo-verdianos, quanto aos seus leitores brasileiros da área de Comunicação Social.   Aos primeiros cabe a satisfação de verem registrados em livro seus esforços até agora despendidos para a nascente área das Ciências da Comunicação em suas  circunstâncias, bem como a conseguida materialidade do antes intangível existente apenas e tão somente na ambiência de sonhos e propósitos e objetivos.   Sabemos o quanto a concretude de um livro em nossas mãos com palavras e imagens que nos volteavam à mente nos sabe prazeroso.  

 
Para os leitores brasileiros o livro lança o convite para tentarmos reviver como teria sido aqui em terra brasilis a genética da, para nós, cinquentenária ‘Ciências da Comunicação’, com suas bases teóricas dos cursos e estudos acadêmicos que fundamentam a Comunicação Social.   Este livro vem se somar às reflexões a que fomos chamados durante o segundo semestre de 2013 no evento ’50 anos das Ciências da Comunicação no Brasil: a contribuição de São Paulo’, produzido em parceria pela tríade de instituições INTERCOM/FAPESP/ECA-USP.   Somos figurativizados à semelhança de um Euclides da Cunha quando pela primeira vez se defronta com o gigante amazônico e percebe estar diante a uma gênese de um mundo em pleno instante e ato de surgimento, de gestação.
 
O arquipélago de Cabo-verde nos oferece nesse livro o seu ponto alfa – a contextualização, isto é, onde e quando tudo começou –  para a concretização de algo sonhado e que então se inicia –  o instante do dar-se a partida da viagem empreendida da Ideia ao Texto. 
 
Na primeira parte Silvino Lopes Évora nos dá o histórico do desenvolvimento econômico da região com sua gente aprendendo a lidar com o capital e com as empresas que para lá se dirigiram. Enquanto em uma aula magistral de história do Audiovisual, Mário Vaz Almeida nos conta como é começar uma cultura audiovisual iniciada pela tecnologia da imagem eletrônica.   Em seguida, na parte II, quatro grandes e elucidativos  textos assinados por  Alfredo Pereira, José Mário Correia, Carlos Santos e Tito Olavo Rocha Gonçalves nos recontam a evolução dos meios de comunicação no arquipélago esmiuçando o Jornalismo, as Agências de Notícias, o Rádio, e as questões filosóficas e a prática da Ética, respectivamente. Finalmente, na terceira e última parte, Teresa Ramos Correia nos brinda com um ensaio de linguística em que aprendemos como ‘as línguas maternas’ dos diferentes falares dos ilhéus continuam vivas no recesso dos lares enquanto a ‘oficial’ é usada como comunicação social – verdadeiro  bilinguismo, entre o ‘crioulo’ e o português.   Enquanto a pesquisadora, Isis Cleide da Cunha Fernandes, discute e aborda a atualíssima questão da violência de género contra as mulheres com suas representações e não-representações no Jornalismo.
 
Primeiros passos foram dados – este livro e o primeiro congresso de Comunicação Social –  inaugurando não só a obrigatória exibição de resultados mas também a pesquisa acadêmica realizada que antecede a ânsia de conhecimento até à saciedade.
 
Paulo B. C. Schettino
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN ( Brasil )
Academia Sorocabana de Letras – ASL