Osvando J. de Morais (Org.)

Comunicações & Problemas. Luiz Beltrão. V.4

Quando se idealizou as mesas e a conseqüente publicação de livros, abordando o trabalho acadêmico dos sucessivos presidentes da INTERCOM tinha-se em mente, sobretudo, chamar a atenção para o fato de que a função político-administrativa desenvolvida na entidade não deveria, de modo algum, esmaecer a contribuição acadêmica de cada um dos homenageados. Isso porque se tinha em mente que cada Presidente da Intercom, antes de ali chegar, trilhara um caminho desde sua formação acadêmica até aquele ponto, e que passava, necessariamente, por um conjunto significativo de reflexões a respeito do campo da Comunicação Social.

 
Acrescentamos a isso a perspectiva internacionalista. O Brasil precisa perder certa humildade prejudicial que nos leva a admirar os “lá de fora” e não valorizar os nossos próprios valores. Por isso, decidimos editar esses volumes trilingües, na perspectiva de enviá-los a entidades acadêmicas dos diferentes continentes com que a Intercom mantém relações. Porque nunca podemos perder este horizonte de referências: no campo da Comunicação Social, a Intercom não foi só a pioneira como a mais aberta e mais disponível ao diálogo com todas as correntes de pensamento em todo e qualquer ponto do mundo. Não só convidamos palestrantes para conhecer seus pontos de vista e os novos caminhos que eles pudessem apontar, quanto buscamos, nós mesmos, estar presentes naqueles momentos e naquelas instituições de referência para a reflexão desideologizada e aberta que toda a pesquisa científica exige.
 
Gaudêncio Torquato foi o terceiro Presidente da Intercom, sucedendo a José Marques de Melo, seu idealizador e fundador, e Anamaria Fadul, sua fada protetora. Gaudêncio também iniciava uma salutar série de alternâncias na presidência da entidade, mesclando nomes mais institucionais com colaboradores de primeira hora, mas que não haviam se envolvido tanto, ainda, com a entidade.
 
 
Reitere-se, contudo, que esta coleção quer focar-se muito mais na produção acadêmica do que propriamente no conjunto de contribuições do personagem estudado. Pretende-se chamar a atenção para o fato de que todos os que chegaram a dirigir a entidade experimentaram e viviam, antes de tudo, uma bem sucedida e significativa carreira na universidade, convivendo com seus alunos e realizando pesquisas que contribuíram objetivamente para o avanço do conhecimento naquele campo. A leitura dos textos, aqui reunidos, sobre Gaudêncio Torquato, não deixa dúvidas quanto a isso, assim como pode verificar-se quanto a Marques de Melo, Anamaria Fadul e logo a respeito de Margarida Kunsch, homenageada de 2012, por ter sido a quarta presidente da entidade (aliás, outro registro a ser feito: a salutar alternância entre professores e professoras, bem antes que isso fosse apenas uma conseqüência de uma legislação necessária, mas de qualquer modo, lamentável, para a política brasileira).
 
 
Poder-se-ia dizer, pois, simplificando: cada volume procura apresentar uma síntese do pensamento do pesquisador estudado. É isso o que se pretende. É isso o que se vai procurar manter nesta coleção. Afinal, quem não é capaz de refletir sobre sua própria identidade, acaba por não saber mais quem é. 
 
Antonio Hohlfeldt
Presidente INTERCOM