Foi nos informando sobre o pensamento de Empédocles de Agrigento enunciado bem muito antes do início de nossa era cristã que introjetamos a ideia de haver necessidade da existência de duas forças iguais em intensidade e contrárias em sentido, inda que em mesma direção, para construir o humano e seu mundo.
São elas que sovam e remexem a mistura dos elementos naturais – Terra/Fogo/Ar/Água – utilizados em diferenciadas parcimônias a formar a diversidade das massas na formação da materialidade dos corpos plurais na physis. Incontáveis foram os séculos dispendidos na busca epistemológica que parte do Empirismo para o Conhecimento adquirido que hoje temos e chamamos de Ciência Moderna. Algo do pensamento fundante expressado pelos conceitos de Philia/Amor e Neikós/Ódio responsáveis por agregação e desagregação não se altera e permanece na contemporaneidade: diástoles e sístoles, construção e desconstrução, análises e sínteses, expansões e compressões, parte e holos,… a oposição visível nestes e tantos outros pares verbais permeiam o discurso das Ciências Humanas Aplicadas onde se alojam as Literaturas e a Comunicação. Bem mais do que as distanciam interessam-nos as aproximações que se vislumbra entre estas duas grandes áreas do Conhecimento humano e para alcançar esse intento torna-se necessário afunilar as suas abrangências para a contextualização espacial/temporal específica: América Latina/Hoje. Se por estratégia meramente didática com vistas ao aprofundamento de seus estudos nos acostumamos a tratar separadamente seus conceitos e práticas, urge que busquemos seus pontos de intercessão ou as intertextualidades observáveis nos produtos originados de cada práxis particular.
Em muito boa hora, veio em nosso socorro o CELACOM em seu XVI Colóquio Internacional da Escola Latino-americana de Comunicação, realizado de 08 a 10 de agosto de 2012, na UNESP de Bauru, evento que está na origem dos textos que compõem esta coletânea.
O tema do encontro não poderia ter escolha melhor pela equipe produtora: “pensamento comunicacional latino-americano através da literatura”. Segundo seus organizadores, e o que torna esse livro que aqui está presente e gerado pelo evento que se foi, bem muito além de importante, oportuno, buscou-se em sua gênese “trazer para a academia o conhecimento produzido por autores que se expressam no âmbito da ficção e possibilitar apontamentos produzidos por pensadores comunicacionais…”. Metáforas e Alegorias, constituintes das figuras literárias se constroem em um jogo arquitetônico cujos tijolos são Palavras independente da forma sonora ou escrita, da mesma maneira que Palavras são utilizadas na relação interpessoal tanto quando se processa ao vivo ou quando se lança mão de outros engenhos. Mensagens são apreendidas nos textos literários do Romance, da mesma forma que na comunicação o conteúdo literário é percebido como mensagem.
Literaturas e Comunicação: Enfim, juntos?
Paulo B. C. Schettino – UFRN/ASL
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Academia Sorocabana de Letras – ASL